O intérprete tem seu valor?

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Turma do Bem



A turma do bem só tem nota de cem.
A turma do bem sempre cheira bem.
A turma do bem nunca prestou enem.
A turma do bem nunca viveu sem,

Um carro blindado,
Segurança armado,
Circuito fechado,
Babá ao seu lado.

A turma do bem, finge que tem.
Uma moeda com a mesma face dos dois lados.
Esconde  a maldade que também tem.

A turma do bem vai salvar o mundo,
De todos os sentimentos imundos.
A turma do bem vai nos iluminar,
Com a energia gracinha que vai  espalhar.

E nunca vai desejar, o que não se pode publicar.
E sempre irá afirmar, que o mal não passará pela cerca elétrica.
E vai visagear o reflexo do espelho,
Até que ele deixe de mostrar,
O lado que há do lado de lá.

O paladino do bem, nunca foi vilão.
Nunca andou na contra mão.
Não tem trevas no coração.
A turma do bem não tem contradição.

A turma do bem branqueará sorrisos.
Fará jantares e brunches,
Sempre que for preciso.
A turma do bem vive, e nos protege desde o  Olimpo.

A pessoa do bem, merece um hino.
Por ser tão humano, por ser genuíno,
Por ser bom a qualquer instante.
Ela não joga lixo na rua pela janela da land rovêr.
Tem uma bondade de diamante africano,
Que faz o sol brilhar e a chuva chover.


Mesmo assim eu vou falar e pode doer:
O bem e o mal vivem na mesma cabeça.
Como dois olhos, duas linguas, duas orelhas.
São duas irmãs gêmeas siamesas.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Yo solo oír a los pajaritos.


Ainda assim

A coisa tá preta,
Todo mundo na sarjeta,
Mas por pior que tudo seja,
Sigo olhando pras estrelas.

Os olhares são tão tristes.
Os sorrisos tão difíceis.
Mas além do fim da pista,
Arrepio minha crista.

As crianças estão tristes,
As espadas em riste.
Mas no banco da praça,
Eu, as pombas e o alpiste.

Bebem drinks com Ajax,
Vestem carros de insul filme,
Mas ao invés de buzinas e apitos,
Yo solo oír a los pajaritos.

Apesar de você, amanhã há de ser.
Ainda assim, vai por mim.
Estou no próximo episódio.
Estou além do fim.

sábado, 1 de outubro de 2011

Viver em Dúvida


Será que eu tenho que seguir esse caminho,
Onde tudo queima e ofende?
Será que eu devo acender a luz desse quartinho,
onde guardo minhas fraquezas?

E em que gaveta eu guardo essas certezas?
Num arquivo morto onde estão as provas que sou torto.
Onde está a mochila pra carregar meu piano
de estratégias, carreiras e planos?

Se tudo ficasse claro,
até o fim da minha linha
num disparo?
Ou se tudo fosse breu,
e não enxergasse mais nada e nem mesmo eu.

As velas que acendo estão na janela,
As velas que icei estão no mar.
Talvez sopre um vento e as apague.
Talvez outro vento me leve navegar.

Vamos aprendendo a viver em dúvida.
Já que a vida está sempre em dívida.
Com a fome, a sede e a vontade de voar.

Vou me equilibrar.
Vou me aprontar.
Entro em cena a qualquer momento.
Um João bobo na corda bamba.

Toda vez que eu penso,
que todo mundo morre sozinho.
Toda vez que eu penso,
que todo mundo morre sozinho.
Estico meus dedos pra te trazer pertinho.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Cabeça Fria. (Um sonho)


Era uma caixa de madeira escura,
Sem chave e sem fechadura.
E pra quem tava dentro, a situação era dura.
Uma cabeça despregada de sua estrutura.

De vez em quando eu abro a caixa,
E a cabeça morta relaxa.
Já não escuta, já não fala, já não cheira, já não vê.
A cabeça está nua, sem mortalha ou faixa.

O tempo passa e eu preciso esconder a caixa.
E a cabeça passeia embaixo do braço.
Procurando um espaço onde eu possa desová-la.
A cada minuto uma cor mais violácea.

Num instante andando na praia.
Quem sabe na areia, ou no fundo do mar.
Mas a caixa bóia e o vento sopra e descobre
A cabeça dentro da caixa.

Num corte seco e profundo,
Parei na cozinha de um restaurante
No mesmo instante que alguem prepara
Os pertences pra uma feijoada.

E mostro-lhe a caixa com seu ingrediente.
E sou avisado que a carne é amarga,
e que tenho que seguir em frente.
- Nessa panela não cabe mais gente.

A aflição aumenta e a cabeça agora fala.
Preciso encontrar uma vala,
Um bueiro certeiro que dê guarida.
Uma boca de lobo que fique calada.

Procuro na rua algum porta mala,
Um beco secreto, um pico discreto,
Um forno, um formol, um vaso insuspecto
Pois a cabeça na caixa já bate no teto.

E aumenta a agonia
da cabeça fria.
Acendo um cigarro
E o sol ascendia.

O vento bufava violento
Batendo as janelas e as portas feito trovão
E eu e a cabeça numa poça de lama
Despertos do sonho em cima da cama

E desço a cozinha e tomo café
E a caixa invisível não some
Nem com reza, nem com figa
Ela acompanha meu dia

Uma cabeça indigesta
No meio da barriga
Entalada na garganta
Feito um prego no sapato

E a sensação de pesadelo
E o engasgar de cabelos
E os caninos, e a barba
E o silencio defunto, o sangue seco
E a sombra, e a cera do ouvido
Permanecem comigo


segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Fura-Olho



Ei você, que finge que nem me vê.
Que não tira o olho de mim.
Olho gordo balofo, olho pelanca.
Tá olhando o que aí de cima?
Tá aí em cima por que?

Olho torto, olho de peixe morto.
Uma hora você pisca,
E aí eu acerto você.
Naquele instante que você não pode me ver.
Te furo esse olho, caolho.
Te dou uma pedrada, camarada.
E vou te ver cair, vou te ver descer.
Meter meu olho no buraco do seu
Falar o que eu tenho pra dizer.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A doce senhora

A doce senhorinha acorda cedo.
Experimenta pulseiras e anéis nos dedos.
Alisa pela ultima vez a roupa escolhida um dia antes.
Espalha cremes nas mãos,
Espalha brincos na penteadeira,
Firma os cachos com jatos de laquê.
Combina a camisa floral, com os chinelos florais, com o lenço floral que ajeita sobre o pescoço.
Olha pela janela do hotel a praia que para ela é um brinco, ou até uma princesinha do Mar.
Reconfirma as combinações.
Alinha mais uma vez os cabelos, com as pulseiras, com o lenço.
Aplica um rosa sobre as maças em cima do protetor solar.
Nao se esquece do colar.
E então, no espelho, o retoque final:
Duas ou três colheres de sopa de seu perfume profundamente penetrante escorrem pelo pescoço inundam o vale dos seios, espalham pela barriga e molham seu ventre.
O perfume agora é a arma da doce senhora. A garantia que será notada. Uma resposta aqueles que insistem em chamá-la de tia.
Sai de seu quarto e ao pegar o elevador que a leva ao salão do café, mata dois hospedes.
Por dulcíssima asfixia.

sábado, 10 de setembro de 2011

Em busca do Rock Isopropílico.


Isso foi, resumindo um pouco a história, onde tudo começou. Amigos de colégio, loucos por rock, formam uma banda e...

Descobrem que não precisam ser publicitários! Alguns se arrependem no meio do caminho e dariam tudo hoje por um diploma de economia, e uma conta no banco. As vezes rola um desejo de estabilidade e 13o. Aí é só subir no palco que passa.

O texto inicial do vídeo resume bem nossa missão, acredito que até hoje. Sendo o tal do Rock isopropílico uma metáfora para a busca artistica de cada um. Qual é a sua estética, o que você põe na cestinha pra fazer seu angu sonoro? Vamos procurando, vamos procurando.

Ao retirar a rolha protetora o plano é que essa substância se espalhe e cause epidemia. Faiô, mas os testes de laboratório foram incríveis.