O intérprete tem seu valor?

sábado, 10 de setembro de 2011

Arroz, Feijão e Cover.

Então finalmente decidi arrumar um lugar pra postar meus escritos. O click veio na seguinte mensagem que recebi no Twitter: 
"André Frateschi quero ver tu lançar projeto "Tomei Vergonha na Cara, Agora Só Músicas Autorais"
Isso me fez pensar na minha condição de intérprete tanto como ator ou músico. Há um enorme preconceito contra quem é intérprete. É quase palavrão quando alguém solta a palavra "cover" . E já foi bem pior. Nos últimos 5 anos venho fazendo meu tributo ao Bowie com o Heroes, além dele, também tive um show em que interpretava Tom Waits e mais recentemente estreei no Radiolarians, dedicado ao Radiohead. Paralelo ao meu trabalho com música, tenho mantido a carreira de ator no teatro, cinema e tv. E as duas áreas se misturam e complementam, numa simbiose. 
No início os narizes se torciam mais ainda, mas com o tempo destorci alguns e consegui mostrar o impulso vital que sinto ao cantar esses compositores. 
Nao tenho vergonha de fazer o que faço. Tenho consciência que trouxe através dos shows do Heroes muita gente que não conhecia a obra do Bowie, é se fosse só isso, eu já estaria satisfeito.
O Heroes surgiu junto com o Studio Sp da Vila Madalena e foi uma aposta minha e do Youssef. Não se fazia cover e ponto final. O alê viu um diferencial na banda bancou. Fomos aos poucos construindo um público  e consequentemente abrindo espaços para bandas que seguiram o mesmo caminho como Seu Chico, Vangbeats, DizMaia, Del Rey e minha amada Miranda Kassin. 
Fora do Brasil, não há tanta patrulha e o intérprete é encarado de uma maneira normal. Temos grandes intérpretes que não compuseram uma só linha e são lembrados até hoje. Todos os cantores da Motown, Ella Fitzgerald, Elis Regina, e muita gente mais. Minha briga por enquanto é essa. Quero mostrar que há espaço para intérpretes que fujam da burocracia estética. E tenho conseguido. 
Não acredito haver em nenhum outro lugar do mundo uma cena Bowie como há em São Paulo há cinco anos. E não consigo ver isso como uma coisa negativa. 

Acredito que o trabalho autoral seja de suma importância e necessário pra ampliar algumas fronteiras. acho que o recado mandado pra mim no twitter quis dizer: "Arrisque-se!" 
E eu topo a provocação. Sempre escrevi e compus coisas, as vezes só, as vezes com a Miranda ou outros parceiros e estou lapidando pra um dia próximo, lançar meu disco de inéditas. 
E esse blobloblog vai servir pra eu postar algumas coisas guardadas que estão precisando tomar um solzinho.






Já tive banda autoral por 10 anos, o saudoso Páprika. Estou com esse gostinho do desafio aguçado na boca. Eu e a Miranda temos planos mirandolantes que ainda não posso abrir. Mas respondendo a Manu Barew que mandou a mensagem. Minha dose de vergonha na cara eu tomo com uma gota de martini sem bater.

4 comentários:

  1. Andre
    Eu não vejo você e nem a Miranda como cover, vocês são dois interpretes maravilhosos.
    Vocês dão vida e uma leitura especial a música que vocês interpretam.
    Como Emilio Santiago, também faz tão bem, Ney Matogrosso e muitos outros.
    Para mim ser cover é imitar um artista, sem dar uma nova vida ao trabalho dele, e vocês nunca imitaram eles, você não imita o Bowie, você da vida as canções dele para todos nós que somos fãs do trabalho dele, eu não vou assistir Heroes, esperando ver alo o Bowie, eu vou assistir a Banda Heroes, com André Frateschi no vocal, porque adoro a sua interpretação.
    O mesmo acontece com a Miranda Não vou ver a Amy, ou as outras divas do Soul, vou ver a Miranda que canta maravilhosamente e nos emociona com sua interpretação.
    Enfim, sou uma fã de carteirinha de vocês, e não importa que artista vocês vão cantar, com certeza será ótimo, porque o talento está em vocês.
    Um beijo para você e Miranda.

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  2. Respeito e admiro muito o trabalho de vocês como intérpretes, afinal sou fã de música bem cantado, coisa que vocês fazem muito bem. Confesso que estou ansioso e na expectativa de poder apreciar esse novo trabalho autoral... Parabéns pelo blobloblog ... to seguindo.. hehe, abraço!!!

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  3. Olá, André...

    Bem, sigo o Heroes graças a uma amiga que falou de uma banda maravilhosa que cantava "Under Pressure", num Mercado Mundo Mix de anos atrás. Até que enfim, certo dia, no SESC da 24 de Maio eu dei cano no meu estágio e lá cheguei, acompanhei o ensaio e o show, enlouqueci de cantar e até conheci tua mãe, que me apresentou a você e à Miranda... um fato que me causou surpresa, pois o momento foi realmente curioso...
    Desde então, vi vários shows no Studio SP e curto como nunca o trabalho de interpretação que ambos fazem com as homenagens a David Bowie e à Amy Winehouse... todos com muito respeito, criatividade e bom gosto...
    Eu passei por perdas familiares nesse ano, que me distanciaram um pouco da cena, mas quero revê-los no palco de dar mais crédito ao grande reconhecimento artístico que vocês já adquiriram...
    Eu adoro o que fazem, seja Bowie, Amy, Waits, Hits... POIS SÃO VOCÊS, E ISSO É O QUE OS FAZEM ESPECIAIS E ILUMINADOS!!!

    Estou sempre torcendo por vocês!!!
    Grande abraço!!!

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  4. Pq não juntar os que só compõe com os que só cantam?? Cada um no seu quadrado.. Acho bem válido! Afinal, qualquer coisa do nando tomava proporçõe mirabolantes na voz da Cássia. Agora, voltaram a ser "qualquer nova, bossa nova"..

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